domingo, 24 de setembro de 2017

Herbívoros, sim, mas também apreciavam marisco

Este dinossauro, afinal, não se alimentava só de vegetais
Dejetos fossilizados de hadrossaurus encontrados numa formação geológica nos Estados Unidos mostram vestígios de uma alimentação que incluía crustáceos e bivalves

Os grandes dinossauros herbívoros da família dos hadrosaurus, que tinham um focinho inconfundível, em forma de bico-de-pato, não seguiam, afinal, uma dieta exclusivamente vegetal, como se pensava até agora. Aqueles répteis gigantes há muito extintos eram herbívoros em part-time e, quando podiam, também se deliciavam com uns bons crustáceos e bivalves, e até com algumas espécies de insetos.

A descoberta, que foi feita por uma equipa de paleontólogos dos Estados Unidos e que é publicada esta sexta-feira na revista científica Scientific Reports, constituiu uma enorme surpresa para os cientistas. Se é verdade que contribui com novos traços para um retrato mais apurado daqueles dinossauros, o facto é que a descoberta mas também levanta novas questões.

"Pelo que sabemos destes dinossauros, este comportamento alimentar surge como completamente inesperado", afirmou Karen Chin, curadora para a área da paleontologia do Museu de História Natural Boulder, nos Estados Unidos, e uma das autoras do artigo na Scientific Reports.

"Isto foi tão surpreendente que nos levou a questionar a motivação deste comportamento", sublinhou a mesma investigadora. A resposta à pergunta parece ser, então, que a ingestão daqueles alimentos estaria relacionada com necessidades proteicas e de cálcio, eventualmente em contexto reprodutivo.

"Embora seja difícil provar que aqueles alimentos foram ingeridos propositadamente", e não por acidente ou por casualidade, "o facto é que os elementos lenhosos que estes dinossauros ingeriam eram propícios a albergar várias espécies de crustáceos e insetos, e que estes pequenos animais não lhes passariam despercebidos, e seriam até uma escolha propositada", notou ainda Karen Chin.

Foi ao analisar uma série de novos coprólitos, ou seja, de dejetos fossilizados dos animais, encontrados na formação geológica Grand Staircase-Escalante, no estado norte-americano do Utah, que a equipa descobriu os vestígios de crustáceos, bivalves e insetos, em pelo menos 10 deles.

A partir dos restos descobertos, a equipa não conseguiu identificar o tipo de crustáceos em causa, ou sequer perceber se teriam alguma similaridade com as espécies modernas, mas fica pelo menos a certeza de que aqueles herbívoros também ingeriam proteínas animais de vez em quando.

"Se tivéssemos encontrado um único coprólito com vestígios de crustáceos, ficaria a dúvida", assinalam os cientistas. Mas a descoberta de uma série daqueles dejetos com esses indícios aponta para uma certeza: pelo menos uma parte desses dinossauros considerados herbívoros não tinha uma dieta exclusivamente vegetal.

Fonte: DN

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